ATA DA DÉCIMA QUINTA REUNIÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 21-7-1999.

 


Aos vinte e um dias do mês de julho do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Cláudio Sebenelo, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, João Dib, Juarez Pinheiro, Luiz Braz e Paulo Brum, Titulares. Ainda, durante a presente Reunião, compareceram os Vereadores Carlos Alberto Garcia, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, José Valdir, Lauro Hagemann, Nereu D'Ávila e Reginaldo Pujol, Titulares, e Cyro Martini, Fernando Záchia, João Carlos Nedel e Maristela Maffei, Não-Titulares. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Décima Segunda Reunião Ordinária que, juntamente com a Ata da Décima Primeira Reunião Ordinária, foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, 03 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Dib, 02 Pedidos de Providências e os Pedidos de Informações nºs 103 e 104/99 (Processos nºs 2193 e 2314/99, respectivamente); pelo Vereador Luiz Braz, 01 Pedido de Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 364 e 367/99, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 1492/99, do Senhor Flávio Koutzii, Chefe da Casa Civil do Estado/RS. A seguir, o Vereador João Dib, através de Questão de Ordem, manifestou-se a respeito do "quorum" da presente Reunião, e os Vereadores Cláudio Sebenelo, Guilherme Barbosa e Luiz Braz saudaram iniciativa tomada pelo Vereador Juarez Pinheiro, de formação de uma biblioteca na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas. Às nove horas e quarenta e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às nove horas e quarenta e três minutos, constatada a existência de "quorum". Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz falou acerca de resposta enviada pelo Executivo Municipal a Pedido de Informações formulado por Sua Excelência, quanto às verbas arrecadadas pelo Município através da cobrança de multas de trânsito durante o corrente ano, questionando a destinação dada a esses recursos e declarando que os excedentes auferidos não estão sendo aplicados em obras de melhoria do sistema de tráfego da Cidade. O Vereador Cláudio Sebenelo teceu considerações a respeito dos problemas atualmente observados na área da saúde pública, propugnando pela adoção de medidas que visem ao fortalecimento dos postos de saúde e à descentralização dos serviços de atendimento médico prestados à população. Também, citou tese de doutorado de autoria do Médico Aírton Stein, relativa ao assunto, e criticou as políticas de saúde adotadas pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre. O Vereador Isaac Ainhorn discorreu sobre aspectos da sistemática de cálculo e cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU em Porto Alegre, manifestando‑se contrariamente a qualquer iniciativa de majoração das alíquotas referentes a esse imposto e destacando que o entendimento dominante nos tribunais brasileiros é de que, para a promoção de aumentos de impostos acima dos índices inflacionários, há a necessidade da chancela do Poder Legislativo local. A Vereadora Clênia Maranhão comentou reunião promovida ontem pelo PMDB na Assembléia Legislativa do Estado, com a finalidade de estabelecer ações para a fiscalização do Programa de Orçamento Participativo de Porto Alegre. Ainda, pronunciou-se a respeito de queixa-crime apresentada contra Deputados Estaduais e Vereadores do PMDB, em função de atos praticados por esses parlamentares a fim de verificar o cumprimento das obras priorizadas pelo Orçamento Participativo da Cidade. Na oportunidade, o Vereador Guilherme Barbosa, através de Questão de Ordem, registrou que o Senhor Prefeito Municipal comparecerá hoje a este Legislativo, a fim de proceder à entrega, ao Presidente da Casa, de Projeto de Lei que cria novos cargos na Secretaria Municipal da Saúde. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib comentou queixa-crime apresentada por conselheiros do Programa de Orçamento Participativo de Porto Alegre contra Deputados Estaduais e Vereadores do PMDB, por terem esses parlamentares denunciado a existência de obras que foram elencadas como prioritárias por esse Programa e que se encontram inacabadas. Também, salientou a necessidade de retomada das obras viárias referentes à III Perimetral. Na ocasião, o Vereador Isaac Ainhorn registrou a presença do ex-Vereador Sadi Schwerdt. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador José Valdir discorreu a respeito de reunião do PMDB, realizada ontem na Assembléia Legislativa do Estado, para discussão do Programa de Orçamento Participativo de Porto Alegre. Também, teceu críticas ao teor de publicação do PMDB, intitulada "Orçamento Participativo 98 - A Manipulação da Vontade Popular", bem como à atuação do Senhor Antônio Britto como Governador do Estado do Rio Grande do Sul. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal do Vereador Isaac Ainhorn, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, por oito votos SIM e sete votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador Isaac Ainhorn, tendo votado Sim os Vereadores Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Isaac Ainhorn, João Dib, Luiz Braz, Paulo Brum e Reginaldo Pujol e Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, José Valdir e Lauro Hagemann. Na ocasião, face Questão de Ordem formulada pelo Vereador Luiz Braz, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos a respeito da composição da Comissão Representativa. Também, o Senhor Presidente prestou informações sobre a tramitação do Requerimento nº 163/99 (Processo nº 2316/99). Ainda, os trabalhos estiveram suspensos das dez horas e vinte e cinco minutos às dez horas e trinta e sete minutos, nos termos regimentais. Foi rejeitado o Requerimento nº 163/99 (Processo nº 2316/99 - Comissão Temporária para verificar o Plano de Investimentos do Executivo de 1998), de autoria do Vereador Isaac Ainhorn, por oito votos SIM e nove votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelo Vereador Isaac Ainhorn, tendo votado o Senhor Presidente, em votação nominal solicitada pelo Vereador Nereu D'Ávila, tendo votado Sim os Vereadores Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Isaac Ainhorn, João Dib, este com Declaração de Voto, Luiz Braz, Paulo Brum e Reginaldo Pujol e Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann e Nereu D'Ávila. Na ocasião, face Questões de Ordem formuladas pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Cláudio Sebenelo, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos a respeito do funcionamento do Sistema Eletrônico de Votações. Foi apregoado o Requerimento nº 133/99 (Processo nº 1785/99 - Moção de Protesto em virtude da elevação da taxa de desemprego no País), de autoria do Vereador Cyro Martini, Requerimento este que, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Luiz Braz e Cláudio Sebenelo, deixou de ser votado face à inexistência de "quorum" deliberativo. Na oportunidade, o Vereador Reginaldo Pujol, através de Questão de Ordem, manifestou-se acerca do "quorum" da presente Reunião. Às onze horas e dezessete minutos, constatada a inexistência de "quorum" deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Nereu D'Ávila, Juarez Pinheiro e Adeli Sell e secretariados pelos Vereadores Adeli Sell e Isaac Ainhorn. Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada por todos os Senhores Vereadores presentes.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. João Dib está com a palavra para uma Questão de Ordem.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Senhor Presidente, para que não passe uma falsa imagem para o público, o nosso painel diz que estão presentes dez Vereadores, e ausentes vinte e três. Na verdade, estão ausentes apenas sete.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib retorna do seu descanso merecido. Isso já foi informado em reuniões anteriores. Nesse período, de 1º a 30 de julho, são realizadas Reuniões às quartas e quintas-feiras. A Comissão Representativa funciona com dezessete Vereadores. Portanto, temos maioria absoluta presente na Sessão.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Gostaria que este registro ficasse nos Anais da Casa: está sendo construída, erigida uma biblioteca no presídio de Charqueadas. Isso é um marco na história desta Casa porque é feito com muito trabalho, doação e solidariedade da população de Porto Alegre, mas com muita grandeza humana por parte do seu autor, Ver. Juarez Pinheiro. Isso mostra como se pode, mesmo dentro dos piores momentos da vida de um indivíduo, resgatar sua dignidade.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Cláudio Sebenelo e Ver. João Dib, ficamos gratos pelas palavras de V. Exas. Foi uma tarefa que nos deixou extremamente honrados e que, com certeza, a fiz representando todos os trinta e três Vereadores desta Casa. Muito obrigado.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Ver. Juarez Pinheiro, embora pareça redundante, nossa Bancada também quer reafirmar isso. Foi uma iniciativa muito importante que vai permitir que as pessoas aprisionadas recuperem sua cidadania.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Juarez Pinheiro, o PTB também cumprimenta V. Exa. pelo trabalho e ressalta que esses gestos fazem com que a nossa Casa possa se engrandecer.

 

O SR. PRESIDENTE: Obrigado pelas palavras que V. Exas. expressam à iniciativa, mas também, tenho certeza, há um percentual da relação fraterna que nós, apesar das divergências, conseguimos manter nesta Casa. Agradeço a todos os Vereadores que se manifestaram.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 9h42min.)

 

O SR PRESIDENTE (às 9h43min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicação de Líder, pelo PTB.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a população do Rio Grande do Sul, principalmente a de Porto Alegre, tem cobrado insistentemente sobre as multas que são arrecadadas pela Administração do nosso Município.

Essas multas têm servido, ou deveriam estar servindo, para que o sistema de tráfego em nossa Cidade possa ser feito de forma melhor, porque essa arrecadação tem que estar sendo aplicada em sinalização, em policiamento e em tudo que possa melhorar o nosso tráfego.

Eu fiz um pedido de providências e acredito que a resposta que recebi possa ajudar os Srs. Vereadores a saberem o que está acontecendo com a arrecadação das multas.

O número mensal de multas, no ano de 1999, no mês de janeiro tivemos dezessete mil quinhentas e trinta multas, no mês de fevereiro onze mil oitocentas e trinta e oito multas, no mês de março dezesseis mil oitocentas e trinta e duas multas, no mês de abril vinte e oito mil setecentas e oitenta e cinco multas - praticamente o dobro - e no mês de maio - depois de todas aquelas reclamações, das denúncias feitas pelo “azulzinho” - as multas voltaram para o patamar de dezesseis mil cento e vinte e uma. Vejam que no mês de abril foram vinte e oito mil setecentas e oitenta e cinco multas!

Foram arrecadados, em todos esses meses, quatro milhões 97 mil 224 reais e 35 centavos com essas multas. Arrecadação de quatro milhões, Ver. Paulo Brum!

Da arrecadação dessas multas, foram utilizados, para pagamento de pessoal, hum milhão 480 mil 459 reais. Farei depois a leitura da lei para a aplicação dos recursos e veremos que resta uma dúvida: se esse dinheiro poderia ser aplicado em pessoal.

Para a melhoria do tráfego, para a melhoria das estradas, em material de sinalização viária, foram empregados 57 mil 973 reais; em projeto de monitoramento de sistema viário foram utilizados 149 mil 610 reais; em manutenção e conservação 193 mil 142 reais. Somando tudo isso, temos apenas 400 mil empregados para que possamos ter melhores rodovias, melhores ruas aqui em Porto Alegre e um melhor policiamento; apenas 10% do que é arrecadado. Só que somando tudo aquilo que se gasta com o tráfego na EPTC, temos um total de três milhões 505 mil 852 reais e 86 centavos. Como se tem uma arrecadação de 4 milhões, há uma sobra, Ver. Paulo Brum, de 500 mil reais, que nesses cinco meses não foram aplicados em lugar nenhum. E eu pergunto para aqueles que são administradores da EPTC, onde fica esse dinheiro se, de repente, as obras que estão sendo solicitadas, as obras viárias, as obras de sinalização não são efetuadas? Nós mesmos solicitamos, ali na entrada da Santa Rosa, que fosse feita uma melhor sinalização. O Ver. José Valdir, inclusive, conhece bem a região, sabe que na entrada da Santa Rosa pela Bernardino nós temos sérios problemas. Ali, inclusive, já morreu gente! Pedimos sinalização, foi feito um Projeto, só que a obra não é realizada, e tem dinheiro. E neste pedido de providência, na resposta recebida, sobram quinhentos mil reais que não são empregados em lugar nenhum. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Cláudio Sebenelo para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, todas as manhãs, neste rigoroso inverno de 1999, acordamos com a nossa mídia eletrônica, rádio e televisão, falando sobre o grave problema da saúde. Nós temos ouvido autoridades médicas, nós temos ouvido a população e, realmente, nas três instâncias: federal, estadual e municipal reside a responsabilidade sobre o atendimento do Sistema Único de Saúde. Ouvimos o Presidente do Conselho Regional de Medicina, que entrou com uma representação nas Promotorias Cíveis, no sentido de que se promova uma ação para determinar as responsabilidades pelo caos na saúde. Temos grande preocupação em saber, cientificamente, corretamente a origem do problema, as suas causas e as soluções para esse problema. E é isso que nós estamos buscando.

Eu encontrei a solução do problema na tese de doutorado elaborada pelo Dr. Aírton Stein, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Lá está formalmente escrito, como conclusão, que só procuram as emergências aqueles pacientes que não têm o hábito de procurar o seu médico no seu bairro, o médico de família, o médico do posto de saúde, o médico que costuma tratá-lo e que costuma fazer a prevenção, o médico que costuma promover a sua saúde. Isso é fundamental. Quando pela enésima vez nós chegamos a esta tribuna e falamos de uma política municipal de saúde, ela não tem um sentido crítico pessoal, mas tem o sentido de uma visão de todo um processo administrativo, voltado para a população de Porto Alegre. Esse processo está comprometido por dez anos de uma Administração que não tomou a iniciativa, lá nos seus primórdios, de estabelecer um plano de saúde para a população de Porto Alegre, plano de saúde esse que se estabelece a longo prazo. Nós temos que começar agora com a idéia de fazer, difusamente, esse tipo de atendimento. Todos os pensadores modernos, em todas as ciências, sistemicamente, pensam em uma palavra fundamental para que se entenda, didaticamente, qual o problema que nós vivemos: rede. A rede é fundamental nos órgãos humanos, a rede arterial, a rede nervosa. Temos, por exemplo, a rede das comunicações, a rede de televisão, a rede de computadores, a rede radiofônica. E nós temos uma rede de difusão do atendimento médico. Enquanto essa rede não for atendida, nós não vamos ter a solução para o caos da saúde, do problema das emergências dos hospitais de Porto Alegre. Mais de 50% da população de Porto Alegre, carente e necessitada de socorros médicos, não é abrangida por essa rede. Isso faz parte de uma política municipal de saúde. Precisamos estabelecer, difusamente, um atendimento primário, um atendimento básico e isso não é feito, ainda, completamente, na Cidade de Porto Alegre.

Esse é o problema mais grave gerencial que vivemos, ou seja, a falta, a insuficiência e a indefinição de uma política municipal de saúde voltada ao atendimento básico, primário, lá onde a pessoa mora, onde ela vive. Por isso, nós queremos que através dessa tese de doutorado do Dr. Airton Stein, e eu vou voltar a esse assunto em outro momento, talvez seja por aí a saída para a solução desse problema grave que estamos vivendo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicação de Líder, pela Bancada do PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, chegando ao segundo semestre do ano legislativo, embora em período de recesso parlamentar, já divisamos movimentos que insinuam o aumento do IPTU na Cidade de Porto Alegre através do reexame da Planta de Valores para o ano de 2000.

Quero dizer a Vossas Excelências que, considerando a conjuntura econômica, considerando a situação da sociedade brasileira, como um todo, entendo que apesar das dificuldades das eliminações de recursos que eram dirigidos e direcionados ao Município e foram cortados pelo Governo Federal, o Executivo Municipal não pode recuperar as finanças do Município calcando aumento de impostos em cima da população de Porto Alegre. Certamente os gráficos já estão sendo elaborados. Certamente começam a se preparar aqueles célebres e tradicionais movimentos para aumentar o IPTU na Cidade de Porto Alegre. O primeiro movimento foi a vinda do Sr. Prefeito Municipal aqui na Câmara, manifestando a sua preocupação com as finanças do Município. Ainda ontem lemos uma manifestação conclusiva do “líder soft” do PT, Ver. Adeli Sell, que dizia que tinha que se promover um aumento do IPTU da Cidade de Porto Alegre. E esse aumento naturalmente vai cair sobre o conjunto da sociedade porto-alegrense, e nós sabemos o achatamento salarial, a situação dramática que vive a sociedade porto-alegrense para manter o equilíbrio das suas contas familiares.

Sabemos que no ano retrasado, mais especificamente no ano de 1997, houve um movimento do Executivo Municipal para aumentar o IPTU em 100% acima da inflação. A inflação no ano de 1997 foi de 8% e eles queriam um aumento de 16% no IPTU. Essa Casa rejeitou o aumento do IPTU, até porque, até hoje, Ver. João Dib, não se acha resolvida a questão do IPTU de Porto Alegre do ano de 1991, conquanto aquela Planta de Valores foi questionada, e hoje já se sabe que a jurisprudência, mansa e pacífica, dos tribunais brasileiros, determina que a Planta de Valores de um Município, para ser aumentada acima da inflação, precisa de lei municipal, e o então Prefeito de Porto Alegre do ano de 1990 aumentou acima da inflação em 100% a Planta de Valores, sem lei municipal. Essa questão se arrasta pelos tribunais maiores. No STJ a Prefeitura Municipal foi derrotada por unanimidade, e depende de um recurso junto ao Supremo Tribunal Federal, até hoje não decidido por aquela alta Corte. No entanto, aqueles que pagaram imposto a maior em 1991, estão no aguardo da solução daquele imposto que foi cobrado indevidamente, a maior, conquanto os valores do decreto fossem consideravelmente superiores à inflação. E aumento superior a inflação, o Prefeito aprendeu, da Planta de Valores precisa de lei municipal.

Portanto, Sr. Presidente, queremo-nos manifestar, desde já, que somos contrários a qualquer aumento do IPTU e faremos uma mobilização e o movimento da sociedade, e nesta Casa, Vereadores e de toda a sociedade para que se impeça, mais uma vez, esse aumento, até porque, no ano passado, que foi ano eleitoral, não teve projeto de lei nesse sentido. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicitamos aos Srs. Vereadores, Titulares ou Suplentes, da Comissão Representativa, que porventura não tenham registrado suas presenças, que o façam nos dispositivos colocados nas laterais deste Plenário. Queremos apenas lembrar que, quando o Vereador chega à Sessão um pouco depois, o registro da presença deve ser efetuado no equipamento que se coloca na lateral do Plenário.

A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, nesse tempo de Liderança do meu Partido, o PMDB, eu quero retornar à discussão sobre o tema que temos trazido, freqüentemente, a esta tribuna, principalmente porque temos novos fatos no nosso trabalho de fiscalização da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, no que se refere ao cumprimento das decisões tomadas pela população que participa das reuniões do Orçamento Participativo, reafirmando, como temos sempre feito, a nossa defesa da participação da população nas decisões do Orçamento, e na busca da realização das decisões que são tomadas nas reuniões do Orçamento Participativo de Porto Alegre.

Queremos informar aos Senhores que na tarde de ontem a Bancada dos Vereadores do PMDB, juntamente com os Deputados Estaduais do nosso Partido, convidou várias Lideranças que tinham-nos procurado, trazendo novas questões a respeito do não-cumprimento das obras, para que nos reuníssemos e buscássemos novos instrumentos de pressão política legítima para realização das obras, muitas das quais previstas desde 1997 e que até agora não foram cumpridas. A reunião foi realizada numa sala da Assembléia Legislativa, tendo em vista que era uma ação conjunta com os Deputados com domicílio eleitoral na Capital. Nessa reunião, nós decidimos continuar visitando as obras indicadas na revista para dar maior visibilidade à população das nossas denúncias, e também que aquele fórum ali constituído pressionasse o Executivo no sentido da realização das obras. Acho que estávamos cumprindo a nossa tarefa parlamentar de políticos, Vereadores e Deputados.

Era uma reunião da Bancada do PMDB, dos Deputados e dos Vereadores, mas estiveram lá parlamentares de outros partidos, que foram muito bem acolhidos. Tivemos, inclusive, a presença do Vereador José Valdir, que eu acredito, não tinha a informação de que a reunião era convocada pelo PMDB com as Lideranças com as quais estava mantendo contato. Não tem nenhum problema, pois é prática do nosso Partido fazer reuniões abertas. Os parlamentares foram muito bem recebidos. O Vereador José Valdir foi o terceiro inscrito a falar naquela reunião, causando surpresa para alguns que não estão acostumados com essa prática democrática. Mas me surpreendeu o fato de que hoje tem uma nota do gabinete do Vereador José Valdir criticando que ele não sabia onde era a reunião. É uma nota completamente diferente do procedimento que foi dado na ocasião da reunião, que eu estava presidindo, pois eu passei pessoalmente a palavra ao Vereador. O Vereador, numa nota que não corresponde à verdade, porque essa reunião era inclusive uma reunião da Bancada do nosso Partido, onde o Vereador entrou lá, nos surpreendeu, foi bem acolhido, abrimos a palavra, ele falou e isso está expresso nas notas da imprensa, seguindo uma prática que já foi usada por outros Vereadores: acontece uma coisa e faz uma nota que não corresponde à realidade e que não é do conhecimento dos Vereadores. É uma tática de fazer escondido para dar uma versão diferente. Não foi justo e não foi uma prática honesta, porque não correspondeu à verdade da situação que lá ocorreu, no dia de ontem. Foi uma reunião extremamente produtiva, de debates políticos, de busca de agilizações das decisões da população.

Também foram surpreendidos por duas novas outras questões: eu já tinha sido comunicada por alguns militantes petistas que participam das reuniões, que haveria uma queixa-crime contra os Deputados e os Vereadores pelo fato de estarmos fiscalizando as obras públicas.

Para concluir, Sr. Presidente, quero dizer que recebi uma cópia da queixa-crime, nesse caso, pelo menos no documento que me deram os Vereadores não estão incluídos, mas acho que há uma ameaça à democracia aos parlamentares que procuram cumprir os seus compromissos de fiscalização, são ameaçados com queixa-crime. É um crime realmente inusitado, o crime de a pessoa pública fiscalizar as obras do Executivo. Muito obrigada.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. GUILHERME BARBOSA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, hoje, às 11 horas da manhã, o Sr. Prefeito Municipal trará ao Presidente da Casa, Ver. Nereu D’Ávila, um Projeto de Lei para a criação quase de 800 cargos para a Secretaria Municipal da Saúde, que é um antigo debate feito nesta Casa, Ver. João Dib, sobre a questão das cartas-contrato, necessidades futuras e eu quero estender esse convite a todos os Vereadores e principalmente aos Líderes para que estejam presentes na reunião, às 11h, com o Sr. Prefeito Municipal. Faço esse convite a pedido do próprio Prefeito.

 

O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Ver. Guilherme Barbosa, está feito o registro de V. Exa.

O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, pode ter certeza S. Exa. o Sr. Prefeito Municipal que lá estarei para ver se, por fim, terminam as ilegais e absurdas cartas-contrato feitas sob a égide da emergência. Essa, continuada ao longo de onze anos, é caos, é falta de administração competente, é falta de seriedade. Estarei lá, inclusive, para perguntar algumas coisas ao Prefeito, já que o Secretário não está respondendo.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, por mais que eu viva e por mais que eu tente, eu tenho dificuldades imensas de entender a Bancada do Partido dos Trabalhadores; e, agora, tenho dificuldades imensas também de entender os delegados do Orçamento Participativo. S. Exas. os Vereadores e S. Exas. os delegados não processaram e não foram fazer queixa na polícia contra o Dr. Ubiratan de Souza que, textualmente, declarou à Gazeta Mercantil, no ano passado, que “52% das obras listadas no Orçamento Participativo sequer haviam sido começadas”. Eu disse isso muitas vezes nesta tribuna. E o Dr. Ubiratan não teve queixa registrada na polícia, porque disse que “52% das obras sequer tinham sido começadas” e a maioria das 48% iniciadas não estavam concluídas.

Não vi ninguém do Dr. Ubiratan de Souza, que agora é genealidade no Estado, para fazer o Orçamento Participativo.

Então, é difícil entender meus ilustrados e queridos colegas Vereadores do PT por ficarem brabos com a Bancada do PMDB, mas não ficarem brabos com o Dr. Ubiratan de Souza. Pois não houve nem contestação. E não se diga que não foi dito desta tribuna uma dezena de vezes por este Vereador.

Também não vi os delegados do Orçamento Participativo reclamarem em relação à obra viária mais importante da Cidade. Há dez anos, pelo menos, digo desta tribuna que a III Perimetral é a mais importante, que é necessário que se conclua, porque aberta ela estava.

O último Prefeito que realizou obras na III Perimetral foi este Vereador: Rua Edu Chaves, Rua Souza Reis, Avenida Ceará, Rua Pereira Franco, e alargou um pouquinho a Av. Carlos Gomes, fim, nada mais depois disso.

Agora, um leitor do Jornal Zero Hora, chamado Celso Antônio, escreveu para o jornal querendo saber sobre o andamento da III Perimetral.

Aí é que eu pergunto: onde é que estava o Orçamento Participativo?

O Secretário diz que são necessários 10 milhões, 691 mil reais, frutos de concorrência realizada em 09 de dezembro, aberta em 18 de março, que farão a obra da Rua Edu Chaves, Rua Souza Reis, Avenida Ceará e Rua Pereira Franco, que estão completas, mas algumas placas terão que ser trocadas. Também estão incluídas nesse trabalho a Avenida Salvador França, Rua Antônio Carlos Tibiriçá, Av. Ipiranga e a duplicação da Av. Tarso Dutra.

Em 1996, a Prefeitura acusava um superávit de dez milhões de reais. Porém, naquele ano, essas obras não custariam esse valor, mas, talvez, seis ou sete milhões de reais. A Prefeitura teve uma sobra de dez milhões de reais.

Onde é que estava o Orçamento Participativo para dizer que esta Cidade precisava, e precisa, da III Perimetral?

Em 1997, a Prefeitura teve outra vez superávit. Na época, o Dr. Arno Augustin dizia, por telefone, que eu não me surpreendesse se superassem os 10 milhões anunciados, se fossem 15 ou 18 milhões. Mas, depois, não sei como, apareceram só seis.

Mas, hoje com seis milhões também dava para fazer as obras aqui listadas.

No ano passado, a Prefeitura também teve um superávit de 24,5 milhões de reais. O Prefeito ainda teve a desfaçatez de trazer o balanço da Prefeitura do ano passado, entregar para os Vereadores e dizer que precisava aumentar o IPTU.

Quem não sabe aplicar o dinheiro do povo de Porto Alegre não pode-lhe pedir mais dinheiro. Isso se chama vampirismo fiscal.

Mas, nós vamos continuar analisando melhor os dados que nós temos e que são fornecidos pelo Partido dos Trabalhadores. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, quero registrar a presença neste Plenário, na manhã de hoje, do ex-Vereador Sadi Schwerdt.

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Sadi Schwerdt foi Vereador desta Casa e lateral esquerdo do Sport Club Internacional por longo tempo.

O Ver. José Valdir está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ontem eu estive numa reunião, que - fiquei sabendo depois - era do PMDB. Foi veiculado na imprensa que haveria uma reunião com os Deputados que publicaram um libreto sobre o Orçamento Participativo, com as lideranças do Orçamento Participativo e com lideranças comunitárias.

Primeira surpresa: ninguém sabia que a reunião havia sido marcada para as 9h. Estive no local e fiquei sabendo que a reunião seria à tarde. À tarde, tive a segunda surpresa: era uma reunião do PMDB, com alguns Deputados do PTB - Frederico Antunes e Rubens Pillar -, com quatro ou seis lideranças do Orçamento Participativo, ex-conselheiros e conselheiros, que não passavam de seis, justamente os que concordam com as teses do PMDB.

Eu quero, diante disso, reafirmar algumas coisas que eu já havia dito.

Primeiro: os deputados do PMDB não podem transformar a Assembléia Legislativa numa espécie de Senado, numa espécie de câmara alta dos assuntos municipais, porque esta Câmara é competente, Vereador Isaac Ainhorn, e tem discutido esse assunto.

Segundo: se o PMDB quer, realmente, fazer uma reunião decente e democrática, se quiser, realmente, debater, tem que convidar todos os conselheiros, todos os delegados do Orçamento, os que têm posição a favor e os que têm posição contrária, e não apenas querer jogar sozinho, sem goleiro e sem adversário, chamando apenas as lideranças que pensam como eles do PMDB.

Terceiro: quero que o PMDB me diga em quantas cidades do interior do Estado eles fazem o Orçamento Participativo ou algo assemelhado; não é preciso haver lei; qualquer tipo de consulta popular.

Quarto desafio: que o PMDB me explique por que o Governo Britto fez um governo, que, em quatro anos, não consultou ninguém, não consultou o povo, não atendeu o apelo dos sindicatos e da sociedade, que clamava por uma consulta popular para, por exemplo, decidir sobre a venda das estatais, o que nunca fez, e na sua saída, lá por junho de 1998, mandou um projeto e fez a tal de “Consulta Popular”. Por que o PMDB só pensou em consulta popular e em participação popular, quando estava saindo do Governo? Por que não o fez desde o início, como nós fizemos, quando entramos na Prefeitura, onde logo começamos com o Orçamento Participativo? No Estado o Governador Olívio Dutra já entrou propondo o Orçamento Participativo, mesmo debaixo de fogo e de pauleira, mas está fazendo. Por que o Britto só pensou em participação popular, quando estava saindo do Governo?

O quinto desafio que faço: por que o PMDB não distribui profusa e amplamente esse libreto? É aí que está o xis do problema: não distribui porque se deu conta de que essa história de deputado virar vereador não dá certo, pois não conhece a periferia. Publicam uma série de inverdades que, depois, viram-se contra quem as denuncia. Há tantas obras nesse libreto ditas como não realizadas, que já foram realizadas, e que o PMDB até já se explicou, dizendo que os dados do caderno são de março, mas que foi publicado agora. Há obras em ruas com o nome completamente errado, números errados e conceitos completamente equivocados. Conceitos como o de que o voto aberto, como é o voto aqui dos Vereadores, é coisa da ditadura militar, como está escrito na página 64.

Nós acabamos com o voto secreto dos Vereadores exatamente para fazer democracia, para fazer com que os nossos representados, aqueles que nos escolherem, possam acompanhar como é que nós votamos. Coisa que a Assembléia Legislativa não foi capaz de fazer ainda, porque ainda usa o voto secreto, o que é um absurdo. O voto secreto é uma conquista democrática da humanidade, sim, mas para determinados momentos. Em muitos momentos o voto aberto é o voto democrático; não dá para absolutizarmos as coisas como está dito aqui!

Um quarto equívoco é afirmar que apenas 8% das obras, desde o Governo Olívio Dutra, foram concluídas. Até entendo a preocupação do Ver. João Dib, pois a Perimetral está projetada há quarenta anos e nunca saiu do papel e agora essa obra sairá em agosto. Na Vila Santa Rosa as pessoas estavam há vinte ou trinta anos pisando no barro, e o Orçamento Participativo calçou toda a Vila. Esse é o “dodói”!

Por isso que o PMDB não quer mais falar deste documento, não quer divulgar, porque a melhor denúncia de manipulação é este documento. Ele é a manipulação. Este documento deveria ser publicado. O PMDB não quer assumir o documento e esta denúncia se volta contra o próprio PMDB. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não temos mais nenhuma Comunicação de Liderança. Passamos para a verificação de quórum para a Ordem do Dia. Os teclados devem ser abertos e apenas os Vereadores Titulares da Comissão Representativa devem registrar as suas presenças.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Sr. Presidente, eu tenho um Requerimento, de minha autoria, que formula a criação, dentro do recesso parlamentar, de uma Comissão Temporária, inclusive tendo a Diretoria Legislativa se manifestado sobre a possibilidade, e eu gostaria que fosse colocado em primeiro lugar na ordem de votação, nesta manhã.

 

O SR. PRESIDENTE: Tão logo venhamos a verificar a totalização do quórum, nós colocaremos em votação o Requerimento de V. Exa..

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Como estamos em uma Comissão Representativa, vejo que determinadas Bancadas que têm apenas um representante estão, erroneamente, colocando a presença de outros Vereadores no painel.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, para que não haja dúvida, vou descrever aqui o nome dos Vereadores titulares da Comissão Representativa: Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Nereu D’Ávila, Paulo Brum e Reginaldo Pujol.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

Em votação o Requerimento formulado pelo Ver. Isaac Ainhorn, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria na Ordem do Dia. Eu, inicialmente, tendo dúvidas sobre a procedência do Requerimento de V. Exa., Ver. Isaac Ainhorn, neste período, e mesmo tendo uma opinião formada sobre esse Requerimento, mas não querendo que ela prevaleça sobre o conjunto da Comissão Representativa, no que se refere à excepcionalidade, vou suspender a Sessão, solicitando que a Sra. Procuradora desta Casa, em exercício, compareça neste Plenário.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 10h25min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 10h37min): Estão reabertos os trabalhos. A dúvida prende-se às disposições, recentemente aprovadas, do art. 82 do Regimento, que diz:

Parágrafo único: “Em casos excepcionais, e sendo um assunto relevante, poderá ser constituída a Comissão Temporária ou terem andamento os trabalhos da Comissão Temporária já existente, a requerimento de Vereador, aprovado pela Comissão Representativa.”

Este 1º Vice-Presidente, no exercício da Presidência, encontra-se vencido em sua posição, eis que tem o entendimento de que deveria ser outro o encaminhamento. Mas, tendo ouvido os órgãos técnicos da Casa, a Procuradora, a Diretora Legislativa e consultando, também, Lideranças, vamos tomar a decisão de dar o encaminhamento sugerido pela Procuradoria, mesmo não tendo com ele concordância.

Em votação o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn, que solicita que seja, inicialmente, apreciado o Requerimento nº 163/99, Proc. nº 2316/99, onde o Vereador requer seja constituída Comissão Temporária para verificar a execução do que foi incluído, por demandas das comunidades, no Plano de Investimentos no exercício de 1998. O Ver. Isaac Ainhorn requer que a votação seja feita nominal.

 

O SR. ISAAC AINHORN: A votação será feita com o painel eletrônico?

 

O SR. PRESIDENTE: Sim. A partir de agora, tendo em vista que parte dos problemas já foram corrigidos pela empresa, usaremos, sempre que necessário, o painel eletrônico.

(Após a apuração nominal.) APROVADO por 08 votos SIM e 07 votos NÃO.

 

O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Em votação o Requerimento nº 163/99, Proc. 2316/99, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn. O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar o Requerimento, como autor.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós ingressamos, na semana passada, com um pedido, através de Requerimento, solicitando a constituição de uma Comissão Temporária, em razão do recesso parlamentar, para julgar uma questão que julgamos extremamente relevante, que é o tema que envolve a polêmica gerada, junto à opinião pública da Capital, a partir das manifestações dos Deputados Estaduais Berfran Rosado e Mário Bernd, do PMDB, e os Vereadores Fernando Záchia e Clênia Maranhão, da Bancada Municipal do PMDB, bem como as manifestações do Sr. Prefeito Municipal e dos parlamentares da Frente Governista nesta Casa. Não há dúvida nenhuma, Sr. Presidente, que há uma controvérsia envolvendo os investimentos e as demandas priorizadas para o ano de 98 na Cidade de Porto Alegre.

Houve, inicialmente, um trabalho de origem desses parlamentares questionando a realização e a efetivação de cerca de 50% das obras que não teriam sido executadas. De outra parte, o Sr. Prefeito Municipal e Vereadores aqui desta Casa da Bancada do PT contestaram esses dados. E o Senhor Prefeito Municipal, Sr. Presidente, afirmou, em entrevista que deu aos órgãos da imprensa, que estava disposto a que qualquer segmento da sociedade fizesse uma avaliação se esses investimentos, essas obras foram feitas ou não foram feitas. Citou que se submeteria ao crivo de contadores do Conselho do Orçamento Participativo e curiosamente, Vereador Antônio Losada, não referiu que a Câmara de Vereadores, que é a expressão política da sociedade porto-alegrense, que tem como missão constitucional básica a fiscalização dos atos do Poder Executivo, portanto, é inerente à natureza do Poder Legislativo o ato de examinar questões envolvendo a Cidade e questões sobretudo de natureza controversa. Não citou, infelizmente, esta Casa. Não apelou para esta Casa, para que esta Casa, no seu conjunto de Vereadores, que revela inclusive a correlação de forças existentes na Cidade, do ponto de vista político, a maior Bancada com assento nesta Casa é a Bancada do PT, que tem doze Vereadores, que tem mais de um terço da representação política da Cidade de Porto Alegre e desta Casa, e as demais Bancadas que expressam o sentimento e o posicionamento político da Cidade, não existe nenhum órgão ao meu juízo, mais apto, mais qualificado e dentro do seu dever Constitucional para examinar, porque há uma polêmica, há uma controvérsia, Deputados do PMDB e Vereadores afirmaram que elas não foram cumpridas, de outro lado, taxativamente, o Prefeito argüiu que elas foram executadas, algumas delas não estão implementadas, mas se encontram licitadas, se encontram em algum processo de andamento que a estrutura burocrática do Estado assim o exige. Esta Casa tem que se manifestar com um juízo declaratório, através de um Parecer, e no momento em que há o recesso parlamentar, a representação da Câmara Municipal é feita por esse coletivo, por essa representação.

O artigo nº 82, parágrafo único do Regimento prevê que, em casos excepcionais, e sendo assunto relevante, poderá ser constituída Comissão Temporária. No meu juízo, e eu tenho certeza que no juízo de um grande número de Vereadores desta Casa, a natureza dessa matéria é, indiscutivelmente, relevante. Esta Casa tem que usar as suas prerrogativas e não pode-se omitir neste momento. Acho que é da natureza do trabalho desta Casa se manifestar sobre essa controvérsia que está, queiram ou não, criada.

Portanto, Sr. Presidente, por esses argumentos é que entendemos fundamental, neste momento, com dez dias para o encerramento do recesso parlamentar, que usemos esses dias para trabalharmos em cima da verificação, do andamento dessas obras que envolvem as demandas do Orçamento Participativo de 1998. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira encaminhar, colocamos em votação o Requerimento nº 163/99. (Pausa.)

Ver. Antônio Losada, V. Exa. enganou-se no voto?

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente, quero alterar o meu voto de “sim” para “não”.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. terá oportunidade de fazê-lo após o encerramento da votação, quando será trancado o sistema e aí alterado o voto, se for o caso.

Todos os Vereadores Titulares já exerceram os seus votos?

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Apenas para colaborar com a Presidência, quando discutimos a questão das votações pelo painel eletrônico ficou acertado de termos um tempo limite, porque não é possível que o Presidente fique esperando que os Senhores Vereadores cheguem, estamos na Ordem do Dia e os Vereadores devem estar em Plenário. Numa reunião entre as Lideranças e a Mesa poderemos discutir de forma conjunta sobre isso e estipular um prazo, talvez de um minuto, ou dois, de pausa, depois de o Sr. Presidente colocar em votação.

 

O SR. PRESIDENTE: Poderemos considerar isso, eis que nas votações os Srs. Vereadores devem estar a postos para exercer os seus votos.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, é que estamos com dificuldades para o registro dos votos junto ao painel.

 

O SR. PRESIDENTE: (Após a apuração nominal.) 08 votos SIM, 08 votos NÃO.

Houve empate na votação. Esse Presidente terá que desempatar e, como já anunciei publicamente, entendendo não ser um caso excepcional para a criação de Comissão Especial, o Regimento veda.

O voto desse Presidente é contrário ao Requerimento. REJEITADO por 8 votos SIM, 9 votos NÃO.

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, como eu não sabia o resultado da votação, não fiz uma Declaração de Voto. Então, peço a V. Exa. que aceite, posteriormente, a minha Declaração de Voto.

 

O SR. PRESIDENTE: Aceito, sim, Vereador.

Em votação o Requerimento nº 133, Proc. nº 1785/99, de autoria do Ver. Cyro Martini.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu quero cumprimentar o Vereador Cyro Martini pelo seu acerto ao apresentar essa Moção de protesto em virtude da elevação da taxa de desemprego no País. Vereador Cyro Martini, acredito que V. Exa., com todo o seu brilhantismo, foi incompleto na sua proposição, porque essa Moção de protesto deve realmente ser enviada ao Sr. Presidente da República, e deve ser feita contra o Sr. Presidente da República. Mas não apenas contra o Presidente da República, essa Moção de protesto precisa também ser enviada e ser feita contra a figura do Sr. Governador deste Estado, contra a figura do Sr. Prefeito desta Cidade, porque estas autoridades também comprometeram a questão dos empregos. O problema do desemprego ficou acentuado exatamente pelas ações e pelas inações dessas duas autoridades: o Sr. Governador do Estado e o Sr. Prefeito de Porto Alegre. O Sr. Governador do Estado, que ao expulsar a Ford deste Estado, ao mandar a Ford para outros locais - hoje a empresa está-se instalando na Bahia -, está propiciando um quadro que nós não gostamos nem de lembrar, porque acentua demasiadamente o problema do desemprego no nosso Estado. E como se não bastasse a saída da Ford, nós queremos lembrar o Pólo Industrial da Restinga. Há quantos anos o Partido ao qual pertence V. Exa., Vereador Cyro Martini, faz discurso em relação ao Pólo Industrial da Restinga. E eu quero que V. Exa, que é uma pessoa que eu respeito muito, venha a esta tribuna e fale qual é a realidade do Pólo Industrial da Restinga, quantos empregos o Pólo Industrial da Restinga está oferecendo, e se, na verdade, nós temos alguma ação concreta por parte do Governo Municipal para que aquele Pólo Industrial da Restinga possa-se transformar numa realidade futura. Até agora, o que nós sabemos é que nenhuma ação concreta é efetuada para que possamos ter a realidade do funcionamento do pólo industrial da Restinga.

Se não bastasse isso, nós queremos apenas chamar a atenção para as altas taxas e dos impostos como, por exemplo, o ISSQN.

O ISSQN em nossa região, Ver. Cyro Martini, é um dos mais altos do País, em quase todas as atividades nós temos 5%.

Uma das únicas atividades em que não temos 5% é devido a um Projeto apresentado por este Vereador, vetado pelo Executivo, veto derrubado por esta Câmara, que é o caso dos representantes comerciais que têm a sua taxa de ISSQN em apenas 2%. Mas praticamente quase todas as atividades são taxadas no ISSQN a 5%.

Nós conseguimos expulsar praticamente quase todas as empresas de leasing de Porto Alegre, apenas restou uma, a Meridional Leasing, porque na última hora o Prefeito Tarso Genro aceitou fazer uma negociação, na qual este Vereador também propôs que a taxa de leasing pudesse baixar para 3%.

Então, Ver. Cyro Martini, a sua Moção é correta, mas é parcial, não está completa.

A sua Moção de protesto contra o desemprego deve ser feita contra o Presidente da República, eu realmente assino embaixo e votarei favoravelmente a ela. Mas, realmente, a Moção é partidária, como está formulada. Ela tem que ser feita porque o protesto maior tem que ser contra o Sr. Governador deste Estado, que é um dos grandes responsáveis pelo desemprego que temos hoje nessa Região Metropolitana e, principalmente, contra a política municipal. Teríamos aqui todas as possibilidades de criar mais empregos, de não mandarmos empresas embora, mas fazemos isso por ganância tributária e por má administração. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Nós aproveitamos este momento para ler a Declaração de Voto sobre o ponto anterior do Ver. João Dib:

 “Declaração de Voto

O Vereador tem o poder e o dever de fiscalizar os atos do Executivo Municipal. O art. 31 da Constituição diz que a fiscalização do Município será exercida pelo Legislativo Municipal. Entende este Vereador que a legislação deve acontecer no momento (sublinhado) em que os fatos ocorrem e são amplamente divulgados como é o presente caso. Saúde e paz.

(a) Ver. João Dib - PPB”

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 133/99.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Cyro Martini propõe uma Moção contra essa chaga social brasileira chamada desemprego. Desemprego esse que tem uma conotação estrutural muito maior que a conjuntural, desemprego gerado pelo próprio progresso, pela tecnologia e também por políticas inadequadas, tanto na área municipal quanto na área estadual e federal.

O que não diz a Moção de Repúdio contra o desemprego, do Ver. Cyro Martini, e aí eu acho que é omissa a Moção, é que o Partido dos Trabalhadores perdeu o direito de falar em desemprego neste País, na medida em que, nas suas políticas públicas, não estimulam o emprego, como, por exemplo, a municipalidade de Porto Alegre, na área do turismo, viu a Empresa Porto-Alegrense de Turismo transformar-se numa subseção da Secretaria Municipal da Indústria e Comércio, sabendo-se que o turismo tem essa propriedade de ser uma grande válvula de escape do desemprego que grassa no País e nas grandes potências, inclusive, em países adiantados que lutam também com a gravidade que representa socialmente o desemprego. Pois essa Moção esqueceu de incluir o Sr. Governador do Estado e aqueles que enxotaram do Rio Grande do Sul, aqueles que rechaçaram de nosso Estado grandes chances de emprego, e que o digam as populações da cidade de Guaíba, metade sul, e as populações das regiões em volta de Glorinha, por exemplo, onde haveria uma montadora de pneus.

Pois essa Moção faz escamotear de uma forma genérica, sem saber o mérito da questão. A festa hoje, na Bahia, é uma festa que deveria ser nossa, uma festa, porque além dos empregos que proporcionará em número altíssimo para as populações daquele Estado, também trará o aumento do Produto Interno Bruto, que só com uma montadora duplicará. E nós poderemos avaliar no futuro exatamente esse fenômeno de desemprego, agora, no Rio Grande do Sul, o que representará em empregos, o que representará em Produto Interno Bruto do Rio Grande do Sul a fábrica da GM, aqui. Somente até o dia 31 de dezembro de 1998, a GM empregou mais de três milhões de horas de trabalho com pessoas que não estavam no mercado de trabalho. Então, é muito claro que talvez o que esteja inadequado na Moção é a sua autoria, exatamente o Partido dos Trabalhadores, um dos seus representantes, que perdeu o direito de falar em desemprego. Muito bem, se houvesse uma luta pelo emprego através do Governo Estadual, que deu às costas para uma montadora que representaria o resgate social importantíssimo para o Rio Grande do Sul e outros empregos diretos e indiretos, e outras industrias que deixaram de se instalar.

Por isso vamos votar contra essa Moção, sabendo inclusive o que é o desemprego no País, a chaga social que representa, mas dizendo que por estar incompleto, porque outros interessados deveriam estar incluídos e foram omitidos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, parece-nos, observando visualmente, que não temos quórum. Procederemos à chamada nominal para verificação de quórum.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, pode não haver quórum para votação, mas para discussão há.

 

O SR. PRESIDENTE: Como nós estamos no período da Ordem do Dia, só podemos encaminhar; não há discussão neste momento.(Após a apuração nominal.) Não havendo quórum, encerramos a presente Sessão.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, considerando os Vereadores Isaac Ainhorn, Clênia Maranhão e Nereu D’Ávila, nós temos quórum.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Reginaldo Pujol, estão presentes, neste momento, os Vereadores titulares Reginaldo Pujol, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Isaac Ainhorn, Adeli Sell e Carlos Alberto Garcia, não havendo, portanto, quórum regimental. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 11h17min.)

 

* * * * *